O que significa muito tempo?
Envolto em lembranças, encontro diversas imagens em um arquivo esquecido — hoje em dia, encontrar arquivos é algo semelhante a localizar uma caixa empoeirada, em qualquer sótão da vida. A imagem é rápida em sua comunicação, basta apenas focarmos em uma pequena parte e somos levados para um outro momento. Guardo lembranças, sorrisos, pessoas, acontecimentos, fases, desejos, entre outras coisas, em um espaço dedicado em meu hard disk, com capacidade ilimitada (até onde eu saiba e a saúde possibilite).
É fácil olhar para nosso eu do passado e apontar tudo aquilo que poderia ter sido diferente. Contudo, é difícil imaginar o que fazer para não errar, frente ao desconhecido futuro que nos aguarda. Existem pessoas que adquirem com o tempo, certo dom para anteceder determinadas situações conflituosas ou talvez seja apenas intuição? Eu prefiro chamar esse movimento de inclinação natural para a conexão interna com responsabilidade.
Quantas vezes contamos os minutos para que o tempo passe logo, sem dar a devida atenção aos detalhes que acontecem nas entrelinhas? É comum escutar daquele amigo ou amiga que o tempo tem sido o principal inimigo da conexão entre duas pessoas que vivem em realidades paralelas, mas que nutrem o mesmo sentimento entre ambos. Levamos incontáveis dias para perceber como o tempo fluiu com rapidez, quando chegou a hora de dizer adeus. Denotamos pressa, mas simplesmente esquecemos de como vinte e quatro horas diárias, simboliza muito tempo quando se está realmente presente. Criamos inúmeras agendas, lembretes, marcações, post it, alarmes, eventos, recados, notificações e sons que nos docilizam para estarmos preparados frente a uma brevidade — que de fato jamais estamos.
Certa vez eu li que é preciso saber viver (tem uma música que também versa sobre essa temática) e principalmente encontrar um sentido para que tudo faça sentido — por mais incrível e sem sentido que isso pareça. A lógica da vida é sem dúvidas, uma série de incógnitas que jamais saberemos como resolvê-las, mas com a tentativa para a resolução, seguimos aprendendo a desatar certas situações, bem como agregando à nossa bagagem, acontecimentos que nos multiplique construtivamente.
Eu só queria quinze minutinhos com o Vinicius do passado, para lançar algumas pequenas provocações:
- Não se esqueça de quem você é.
- Não se julgue tanto.
- Não perca tempo com sentimentos vazios.
- Não se preocupe com todos ao seu redor.
- Não deixe ninguém te desanimar com frases de efeito.
- Não olhe para trás, olhe para o futuro.
- Não tente se encaixar em padrões determinados por outras pessoas.
- Não sorria quando tiver vontade de chorar.
- Não perca a esperança frente ao desconhecido, pois todo mundo já sentiu um pouco de medo e tentou mesmo assim.
- Não foque naquilo que já é passado.
- Não olhe demais para aqueles com vida perfeita, afinal a maquiagem esconde muitas imperfeições.
- Não busque por histórias prontas, seja um criador de seu próprio livro.
- Não descuide de seu corpo, mente e sentimentos.
- Não ouse em trocar a sua música favorita, para agradar quem jamais dançará com você.
- Não espere o tempo passar, para entender os motivos que o trouxeram até aqui.
Quem sabe, reencontrarei em algum momento de minha história, um sorridente eu de uns dez anos atrás, sem medo do futuro que o esperava, nem pensamentos em demasia. Talvez com um frescor único, típico daquelas tardes de verão, com atmosfera iluminada pelos brandos raios solares, onde há apenas a preocupação em ser leve e confortante.
Se por acaso eu encontrar essa versão por aqui, pode deixar que lembrarei do recado acima.
É importante reforçar aquilo que jamais devemos esquecer.
Once I wanted to be the greatest
No wind or waterfall could stall me
And then came the rush of the flood
Stars of night turned deep to dust
Cat Power — The Greatest
Autor: Vinicius de Souza
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