A gente pede, mas não deveria.
A gente pede, mas não deveria um motivo para dizer que hoje eu sinto a sua falta e os meus dias sem você são estranhos e sem nenhuma razão.
A gente pede, mas não deveria aquela mão boba segurando a sua sem nenhum pretexto em um dia qualquer.
A gente pede, mas não deveria aquele carinho sem motivo, que acontece pela simples motivação de ser o melhor remédio nas horas difíceis.
A gente pede, mas não deveria aquele abraço no final de tarde de um dia cinza, onde tudo deu errado e você não sabe onde encontrar um gesto amável que faça você se sentir melhor.
A gente pede, mas não deveria aquela ligação ou mensagem aleatória que chega do nada no meio da madrugada e te surpreende com um sorriso bobo no canto do rosto.
A gente pede, mas não deveria uma visita inesperada ou um convite para sair de casa e ver o pôr do sol com alguém que não consegue esperar até o final de semana para te ver e transforma todos os dias em possíveis momentos para ser feliz.
A gente pede, mas não deveria uma demonstração qualquer de um “hoje eu lembrei de você, estou com saudades, quero te ver!”
A gente pede, mas não deveria para aquela pessoa que você ama ficar mais um pouco, pois, ela está com pressa demais para ver o quanto você precisa de um pouco de atenção.
A gente pede, mas não deveria um pouco de amor frente ao caos de uma sociedade líquida, que mantém suas experiências relacionais voláteis e sem envolvimento algum.
A gente pede, mas não deveria por palavras sinceras que demonstrem o real sentimento, sem deturpações ou distorções que possam afastar do verdadeiro sentido pelo simples medo de falhar.
A gente pede, mas não deveria uma iniciativa frente a certas questões que atrapalham o nosso dia a dia, sendo que são coisas simples, mas as pessoas se preocupam em complicar.
A gente pede, mas não deveria a compreensão quando tudo parece desmoronar na sua volta e você tenta se manter forte, mas nem todo mundo é tão forte assim para conseguir enfrentar certas situações na solidão de uma noite vazia.
A gente pede, mas não deveria e nessa grande problemática a gente vai dissociando a nossa personalidade, deixando se levar cada vez mais pelo momento, acreditando em uma resolução paradoxal que nunca virá, esquecendo do amor próprio, da vontade própria e principalmente da felicidade de estar bem consigo mesmo.
“É necessário se emprestar aos outros e dar-se a si mesmo”.
Montaigne
Autor: Vinicius de Souza
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